Crossfit: desfibrilador evitaria morte

A morte de um praticante de Crossfit, durante treinamento no Park Way em Brasília, trouxe à tona a discussão sobre a estrutura de socorro das academias de ginástica. Profissionais de saúde e de educação física consultados entendem que o desfibrilador (equipamento utilizado para quando há parada cardíaca) é um exemplo de aparelho de saúde essencial nesses estabelecimentos.

O cardiologista Gustavo Lara considera o desfibrilador fundamental que deve ser providenciado pelas empresas ou instituições que promovem a prática de educação física. "Ela [academia] deve ter o suporte para o atendimento à parada cardiorrespiratória, que é aquele atendimento primário, antes da chegada da ambulância". No caso da morte no Park Way, não havia desfibrilador.

Naquela ocasião, o especialista entende que se trata de um evento raro, já que a prática dos exercícios na academia são considerados de baixa intensidade. "O indivíduo normal que não sente nada, pode fazer essas atividades habituais sem precisar de maiores investigações [avaliação médica com um cardiologista]", explicou.

Risco

O dono de uma academia de Crossfit de Brasília e educador físico, Leonardo Rodrigues, mencionou o atestado médico como uma exigência de sua academia. O educador indicou um perigo no desconhecimento do uso do desfibrilador. "A indicação é para não usar o aparelho caso não tem confiança na pessoa que vai usá-lo".

Atestado médico

A lei nº 1.985/2014 que acaba com a exigência do atestado médico por parte das academias foi sancionada em 2015. O documento serve como um laudo do aluno para que o instrutor físico possa trabalhar da melhor forma possível com referência a doenças ou probabilidades do aluno passar mal, segundo o educador físico Pedro Augusto Teixeira.

Alvará nas academias

De acordo com o Conselho Regional de Educação Física (CREF), um local que recebe 400 pessoas por dia em treinamento, deveria possuir o desfibrilador. No entanto, precisa ter pessoas que saibam operar. Em relação ao atestado médico, a organização aconselha o praticante de qualquer atividade física possuir um atestado, mas para que possa ter mais segurança e não necessariamente para o estabelecimento.

O estabelecimento do Park Way onde aconteceu a morte do praticante de Crossfit não possuía a licença de funcionamento (alvará). O CREF exige de uma pessoa jurídica o CNPJ, relatório dos profissionais e contrato social, não exigindo a licença que compete à Agência de Fiscalização (AGEFIS) e administração da região.

O conselho aconselha todas as pessoas que pretendem começar a prática do crossfit que se informem no local da prática se é supervisionada por profissionais de educação física cadastrados. No site do órgão é possível comprovar inserindo o número do registro do profissional. Caso o profissional esteja orientando a atividade e não ser cadastrado, o conselho indica que o denuncie para a própria organização.

O Sindicato

A educadora física e uma das líderes do sindicato das academias (Sindac-DF), Thais Yeleni, informou que todos os profissionais de educação física têm um semestre de primeiros socorros para entrar nas academias qualificadas. "Ele [o profissional de educação física] está totalmente apto a fazer o salvamento e o primeiro atendimento". A líder do sindicato esclareceu que havia uma médica que socorreu o rapaz que morreu na prática do crossfit e que os exames do rapaz estavam normais.

A educadora ressaltou o perigo da utilização inadequada do aparelho desfibrilador e disse não achar necessário em ambientes que não estejam circulando mais de 500 pessoas. "Por mais que você tenha noções de primeiros socorros, não há como identificar se a pessoa está tendo um infarto ou uma crise de hipoglicemia".

O Crossfit

O Crossfit é um esporte que abrange todas as competências físicas do ser humano, tais como força, resistência, velocidade, potência. O método de treinamento é o que mais cresce atualmente no mundo, por proporcionar a mais completa adaptação fisiológica possível no seu praticante, segundo sites especializados. Para o CREF, o crossfit não é considerado uma modalidade esportiva, mas sim uma atividade física de alta intensidade que envolve diversos programas de exercícios e diferentes treinos.

Por João Victor e Frederico Beck | Agência de Notícias UniCEUB

Arte: Camila Campos
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