Criadores do Seridó descobrem vantagens de inseminar rebanho

Imagem: Sebrae
Pequenos pecuaristas do principal polo produtor de leite do Rio Grande do Norte se beneficiam da técnica de inseminação artificial em tempo fixo para aumentar produtividade.

Região que responde por 25% da produção de leite bovino da bacia potiguar, o Seridó vive uma revolução no que se refere ao aumento da produtividade nas fazendas de pequeno porte. Pecuaristas estão percebendo que é possível otimizar o rebanho ao reproduzir os animais através de uma técnica conhecida como inseminação artificial em tempo fixo, pela qual várias vacas são induzidas a entrar no cio de forma sincronizada e inseminadas. A estratégia visa multiplicar, em médio prazo, matrizes de alto rendimento e ampliar os níveis de produção de leite e, consequentemente, derivados lácteos, como o tradicional queijo de coalho da região.

O estímulo à adoção da técnica por parte de pequenos criadores integra as ações do Projeto Leite & Genética, que é desenvolvido pelo Sebrae no Rio Grande do Norte em parceria com o Instituto BioSistêmico (IBS), uma das instituições mais renomadas no Brasil no trabalho de assistência e consultoria agropecuária e biotecnológica voltadas para rebanhos. O projeto está com inscrições abertas para novas adesões até o dia 13 deste mês.

A adesão ao projeto pode ser feita em qualquer ponto de atendimento do Sebrae em Natal ou nos escritórios regionais nas cidades de Apodi, Assu, Caicó, Currais Novos, João Câmara, Mossoró, Nova Cruz, Pau dos Ferros e Santa Cruz. O produtor pode adquirir um dos pacotes de inseminação do chamado CRIATF tanto para quem tem rebanho leiteiro ou gado voltado para corte. São blocos com 10, 20, 40, 60 e 80 inseminações em animais leiteiros. Os valores variam de R$ 3,3 mil a R$7,6 mil. Já os pacotes para corte contêm 50, 100 e 150 inseminações e os preços da consultoria, que nos dois casos também envolve outros serviços, variam de R$ 4,5 a R$ 9,5 mil. A maior parte desses valores – 60% - é subsidiada pelo Sebrae, restando somente 40% para o produtor, que ainda podem ser financiados.

O produtor Nelson Cândido de Macedo Filho, conhecido também com Nelcinho, tinha várias condições adversas, como seca prolongada, morte do pai e falta de experiência no setor de pecuária, para desistir da criação de bois na cidade de Jardim do Seridó, que fica a 224 quilômetros de Natal. Mas, devido ao projeto, ele está conseguindo multiplicar um pequeno rebanho que era praticamente todo mestiço com a técnica da inseminação artificial em tempo fixo. E mais, com o melhoramento genético, está padronizando o gado mestiço para a raça híbrida girolando, uma das mais adaptadas para as condições do sertão nordestino e com alta produção de leite.

Em 2013, ele decidiu montar uma pequena queijeira artesanal e viu que precisava investir em gado leiteiro. A estratégia foi recorrer ao melhoramento genético, oferecido pelo projeto. “Quero padronizar o meu rebanho. Atualmente, o que vale é a genética, que faz o animal ser mais valorizado”, garante. Nelson Macedo Filho começou a atividade com 20 animais e uma produção diária de 30 litros de leite. Com a compra de animais da vizinhança no peso, subiu para 80 bois. Hoje, ele possui um rebanho de 180 rezes, das quais 150 são fêmeas. Nos últimos dois anos, a produção de leite cresceu consideravelmente mais em comparação com o início da atividade, chegando a 600 litros por dia. Quantidade que é toda direcionada para produção de queijos e manteiga.

A ideia do criador para aperfeiçoar a produção de leite é unificar o rebanho na raça girolando e, por isso, conta com o suporte técnico do projeto para reproduzir os melhores animais do plantel. Ele adquiriu um pacote com 30 doses de sêmen e já realizou 17 inseminações, das quais nove confirmaram a prenhez e quatro animais já pariram. “O projeto foi fundamental para atingir os meus objetivos. Minha intenção e aumentar o rebanho de fêmeas”.

Para o gerente do Escritório Regional do Sebrae no Seridó Ocidental, Pedro Alexandro de Medeiros, as ações do projeto são importante para a região, já que o setor de agropecuária concentra 30% dos atendimentos realizados pelo Sebrae nas cidades seridoenses da parte ocidental. “Esse trabalho de melhoramento genético é relevante para os produtores porque, como temos um clima muito seco, é importante potencializar a produção de leite com o menor custo”, diz o gerente se referindo à multiplicação de rezes mais produtivas. “Esse investimento reflete na cadeia como um todo, desde a parte de derivados lácteos, que se fortalece, e também de insumos”.

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