Mais de 3 crises de enxaqueca ao mês exigem tratamento preventivo

Professora da Faculdade de Medicina esclarece que uso excessivo de medicamento gera ciclo vicioso

Um estudo feito na Alemanha afirma que uma mutação genética pode estar relacionada à origem da enxaqueca. A doença pode ter relação à adaptação do corpo ao frio, por isso seria mais comum na Europa e em descendentes de europeus. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a enxaqueca, que atinge 1 bilhão de pessoas no mundo, é a 6ª doença crônica mais incapacitante. Ida Fortini, professora do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina (FM) da USP, falou a respeito da enxaqueca.

Ela fala que a predisposição genética para a enxaqueca existe, o que é comprovado por grande parte dos pacientes ao afirmarem que outros familiares também possuem a doença. Ainda não se sabe exatamente quais genes a causam, mas, segundo a médica, há uma infinidade deles que podem conferir alguma suscetibilidade à enxaqueca.
A especialista afirma que as mulheres são mais suscetíveis que os homens – Foto: Wikimedia Commons

Além disso, há muitos outros fatores que podem desencadear uma crise. Alteração hormonal, mudanças de hábito como comer e dormir mal, consumir bebida alcoólica, uso de medicamentos, consumir certos alimentos e até a alteração climática podem ser alguns desses fatores. A especialista afirma que as mulheres são mais suscetíveis que os homens, sendo 75% dos afetados. Os sintomas gerais são dor unilateral, geralmente temporal ou frontotemporal, latejante e frequentemente acompanhada de hipersensibilidade à luz e ruído. Outro sintoma característico é a piora da dor quando a pessoa se movimenta ou muda de posição. Crianças que desenvolverão enxaqueca na fase adulta já possuem sintomas na infância: quadros cíclicos de vômitos ou de dores abdominais podem ser um sinal.

O tratamento geralmente é feito com o uso de analgésicos, antiinflamatórios ou o medicamento de costume do paciente. Porém, se a pessoa têm mais de 3 crises por mês, ela deve fazer um tratamento profilático. Isso porque, se ela usa os medicamentos para tratar a crise com muita frequência, o sistema de dor e de controle se altera e fica ainda mais desequilibrado, entrando num ciclo vicioso de dor e medicação. Ida Fortini explica que nenhum tratamento serve para todo mundo, cada pessoa precisa ser estudada individualmente, mas, recentemente, foi aprovado nos EUA o primeiro medicamento desenvolvido especialmente para a enxaqueca – uma injeção mensal com uma droga que bloqueia um fragmento de proteína, denominada CGRP – que provoca e perpetua enxaquecas. O remédio deve chegar ao Brasil ainda este ano e pode ser uma esperança.

REDAÇÃO JORNAL DA USP