O que o seu filho vê na tv?

Sempre que questionados a respeito dos conteúdos dos canais de tv, os pais reclamam da programação da televisão, considerando-as impróprias para os seus filhos, porém se antes era a violência que mais incomodava, hoje é o apelo sexual.

Durante o programa “humorístico” Pânico na Tv deste domingo (08/05/2011), a “panicat” (Nicole Bahls) invadiu o vestiário do Corinthians e tomou banho pelada. Acompanhada por Sabrina Sato, Nicole bateu um papo com o zagueiro Paulo André e depois sem nenhum pudor, tirou a roupa e tomou um banho em um dos chuveiros, se exibindo para a câmera. Tarjas foram colocadas nos seios e na região íntima da “panicat”, mas nada que impedisse o público de ver que ela estava nua.

A mídia, com especial destaque à televisiva, trata indistintamente todas as faixas etárias. Temas, conteúdos e comportamentos antes restritos aos adultos, são expostos em horários frequentados por crianças de todas as idades (Acúrsio Esteves, 2007).

Segundo dados do IBOPE, a criança fica, em média, duas horas e meia por dia diante da TV. Além disso, outro fator intensifica os prejuízos causados pela televisão: a maioria das crianças e adolescentes assistem tv sem a menor participação e consentimento dos pais.

A exposição precoce de crianças a cenas de sexo de uma forma degradante, pornográfica e sem nenhum critério pode interferir no desenvolvimento psicológico destas, pois a tv pula etapas do desenvolvimento sexual anulando a infância e projetando precocemente a criança no mundo adulto.

Além disso, a televisão constitui-se em nossa sociedade como um dos meios mais influentes de repasse de valores, no qual cenas como as que foram protagonizadas pela “panicat”, estimulam a imagem da mulher como objeto, desestimulação de afeto nas relações, Incentivo à infidelidade, banalização da traição conjugal, desvalorização do amor, apelo sexual e apologia ao sexo irresponsável.

Quando a família se coloca contra esta mediocridade dizendo às crianças o que é ou não correto, e selecionando a programação que ela pode assistir, ajuda a desenvolver o senso de autocrítica que possibilita a capacidade da própria criança poder selecionar o que deve ou não ver e ouvir (Acúrsio Esteves, 2007).

Porém, diante do excesso de compromissos, da necessidade de que os pais saiam de casa para trabalhar e das longas jornadas de trabalho, o tempo para o diálogo é reduzido. Prova disso é que, para 30% das famílias brasileiras a televisão representa o principal veículo informativo sendo, para 28%, o principal veículo formativo, e mais, 40% apontaram ser esta a principal forma de entretenimento, pois oferece um conjunto de programações a custo zero. O agravante dessa exposição é que, em mais da metade dos casos investigados, a família não exerce nenhum tipo de controle sobre a audiência televisiva, e não há, em 46% dos casos, nenhum tipo de fiscalização sobre o horário limite para que as crianças assistam televisão (RIO GRANDE DO SUL, 1998).

A televisão é o primeiro e maior contato das pessoas com o mundo externo e por isso exerce uma influência na vida das pessoas, e em especial nas crianças, pois a infância é um período crítico para o desenvolvimento cerebral e formação do comportamento, portanto muito tempo na frente da TV durante esse período pode levar a hábitos pouco saudáveis no futuro.

*O programa vai ao ar nas sextas-feiras a partir das 22h e nos domingo a partir das 21h