"Era muito amor" revela suposto companheiro de Gugu Liberato

Seis meses depois da morte de Gugu Liberato, em um acidente doméstico nos Estados Unidos, surge um novo personagem reclamando sua parte na fortuna deixada pelo apresentador. A disputa judicial que rachou a família ao meio ficou ainda mais acirrada. Um chefe de cozinha que mora na Alemanha afirma que ele, sim, era o verdadeiro companheiro de Gugu. 

“Desde o falecimento do Gugu, eu tenho buscado preservar a minha intimidade e a minha história. No entanto, esse assunto assumiu uma dimensão muito grande “, afirma Thiago Salvático, chefe de cozinha. 

De um lado, Thiago Salvático, o homem que pede que a Justiça o reconheça como companheiro de Gugu Liberato. Do outro, Rose Miriam. A mãe dos filhos do Gugu, que busca o mesmo reconhecimento. 

“Ele jamais constituiria uma família que não fosse a nossa. Gugu era muito feliz com nossa família, comigo, com João, com a Sofia e com a Marina”, diz Rose em vídeo. 

Um testamento, um patrimônio bilionário e muitos capítulos. Na última semana, mais um. As filhas gêmeas de Gugu, Marina e Sofia, agora com 16 anos, tentaram contratar novos advogados para defender os interesses das duas, em relação a administração dos bens de Gugu. 

Depois da morte do apresentador, tudo que ele deixou é administrado pela irmã, Aparecida Liberato. Essa foi a vontade dele. No testamento, Aparecida foi nomeada inventariante. 

“Então esse inventariante, para ser bem simples, ele é um representante do patrimônio do morto. E nessa gestão ele tem que prestar contas. Ele tem que prestar contas aonde? Em juízo. No momento preciso, quando o juiz manda isso”, explica Rosângela Gomes, advogada e professora de Direito - UniRio. 

O Fantástico teve acesso ao conteúdo de documentos que mostram que as filhas de Gugu questionaram na Justiça, assistidas por dois novos advogados, o paradeiro de bens do pai como: relógios, joias, quadros, pedras preciosas, além de dinheiro referente a um seguro de vida e a um plano de previdência privada. 

Os novos advogados alegaram que as meninas não têm acesso à lista completa de bens que compõem o patrimônio. Disseram também que a inventariante, a tia Aparecida Liberato, não apresentou para elas a prestação de contas do que foi gasto nos últimos meses. 

“O inventariante ele deve prestar contas do inventário sob pena de remoção se ele não o fizer sempre que o juiz determinar. E aí nesse caso, existindo dúvida, qualquer um dos herdeiros pode pedir essa prestação de contas. Mas o ideal mesmo seria que essa prestação de contas ocorresse em cada ato, toda vez que houvesse um ato que impactasse nesse patrimônio”, pontua a professora Rosângela Gomes. 

A Justiça negou o pedido das filhas de Gugu para a contratação de novos advogados. Isso porque Aparecida é também a curadora especial das meninas. Ou seja, é ela que responde pelas duas dentro do processo do inventário até elas completarem 18 anos. 

Os advogados da família e da inventariante Aparecida Liberato informaram que só podem se pronunciar nos autos. Mas esclareceram que os bens que pertenceram a Gugu estão catalogados e serão apresentados à Justiça no devido prazo. Tudo permanece intacto como Gugu deixou. Rose Miriam di Matteo, mãe dos três filhos de Gugu, apoiou a decisão das filhas de procurar novos advogados. 

No sábado (16), as gêmeas estavam com a mãe na formatura escolar do irmão mais velho, João Augusto. Desde o ano passado, Rose Miriam tenta provar na Justiça que tinha uma união estável com Gugu, o que daria a ela direito à metade do patrimônio construído pelo apresentador enquanto estiveram juntos. 

“O que é a união estável? A união estável é aquela união duradoura, pública e contínua entre duas pessoas que constituem uma família. O objetivo de constituir família não significa obrigatoriamente ter filhos. Eu sempre digo: nós podemos ter família sem filhos e nós podemos ter também filhos sem uma relação familiar”, explica João Ricardo Brandão Aguirre, presidente da Comissão do Direito de Família e Sucessão, OAB-SP 

No testamento, feito em 2011, Gugu deixa 75% dos seus bens para os três filhos e 25% para ser dividido entre os cinco sobrinhos. Para Rose, nada. Em 2011, Gugu e Rose assinaram uma declaração de que os dois tinham apenas um acordo para a concepção e criação dos filhos, com os custos bancados exclusivamente por ele. Custos que são pagos até hoje - todas as despesas da casa onde ela mora com os filhos em Orlando, nos Estados Unidos. 

A família de Gugu afirma que os dois nunca foram um casal. Mas Rose defende que o documento foi assinado sem ela saber do que se tratava. E que fotos, capas de revista e bilhetes comprovam que eram, sim, companheiros. 

Mas não é só Rose Miriam que tenta provar que tinha uma união estável com Gugu . Thiago Salvático alega que tinha um relacionamento com o apresentador desde 2011. Ele também pede na Justiça o reconhecimento da união estável e diz que, portanto, quem teria direito à parte do patrimônio do Gugu seria ele, e não Rose. 

Thiago falou com exclusividade para o Fantástico: “O primeiro esclarecimento é que a minha relação com o Gugu foi uma relação de duas pessoas solteiras. Foi uma relação baseada em muito amor, cumplicidade e na comunhão de vidas. Eu tenho muito orgulho de ter vivido. Eu posso falar com tranquilidade de quem conviveu mais de oito anos com ele. É que o maior sonho dele seria poder viver num mundo sem preconceito, sem julgamentos pela orientação sexual e que as pessoas pudessem manifestar livremente o amor, sem sofrer qualquer tipo de consequência". 

Thiago é chefe de cozinha, tem 32 anos e mora em Paderborn, na Alemanha. Ele é proprietário de duas sorveterias na cidade. Esteve no velório de Gugu em São Paulo. Nas redes sociais postou algumas vezes mensagens de saudade e homenagens ao apresentador. 

O advogado de Rose Miriam diz que, se a relação existiu , se tratava de uma traição. “Fotos e comprovantes de viagem com o Gugu Liberato por si só não comprovam uma união estável. Esse relacionamento é um relacionamento oculto, e, desculpe, mas é uma traição à Rose”, afirma Nelson Willians, advogado de Rose Miriam. 

"Eu gostaria de dizer que eu nunca ouvi falar no nome Thiago Salvático. Gugu nunca mencionou o nome dele e eu gostaria de dizer que o Gugu em vida hoje jamais assumiria uma vida extraconjugal", declara Rose Miriam. 

"É muito importante esclarecer que não se tratava de uma união secreta, sigilosa, oculta ou clandestina. Eles não tinham nenhuma obrigação de comunicar ao mundo que eles tinham um relacionamento, principalmente porque se tratava de uma união estável homoafetiva com motivos relevantes para a preservação da intimidade do casal”, explica Mauricio Traldi, advogado de Thiago Salvático. 

A família de Gugu não quis se pronunciar sobre a suposta relação entre Thiago e Gugu. A defesa de Rose Miriam disse que ninguém conhecia Thiago Salvático, por isso a relação não era pública, um dos requisitos para a união estável. 

“Tem publicidade? Não. Tinha finalidade de constituição de família? Não. Não constava para ninguém que Gugu tivesse assumido eventual bissexualidade ou coisa do tipo. E de repente aparece essa figura. O processo de união homoafetiva realmente causa uma grande surpresa”, afirma Nelson Willians, advogado de Rose Miriam. 

“As pessoas mais próximas do Gugu conheciam o Thiago, sabiam quem era o Thiago e a importância que ele tinha na vida do Gugu”, pontua Mauricio Traldi, advogado de Thiago Salvático. 

"Uma relação harmônica que formava uma verdadeira família da maneira deles, da maneira que eles podiam ter, e que um dos pilares era a privacidade do casal", declara Willi Sebastian Künzli, advogado de Thiago Salvático. 

“A prova testemunhal também é importante. As testemunhas dizerem: olha, eles viviam como se fosse marido e mulher, eles viviam como se fosse marido e marido, mulher e mulher”, explica João Ricardo Brandão Aguirre, presidente da Comissão do Direito de Família e Sucessão, OAB-SP 

Até que a Justiça decida se Gugu tinha ou não união estável - com Thiago, com Rose, ou com nenhum dos dois - o processo do inventário fica parado.

“Porque entra um novo herdeiro aí como reconhecido pela Justiça e eventualmente pode mudar a disposição testamentária”, afirma João Ricardo Brandão Aguirre, presidente da Comissão do Direito de Família e Sucessão, OAB-SP. 

Uma história ainda longe do fim. 

DO G1