Fatores psicológicos e comportamentais que podem desencadear acne


Aumento dos níveis de estresse e baixa qualidade de vida estão entre eles, alerta o dermatologista Dr. Rafael Soares

Os incômodos são estéticos e fisiológicos. Independentemente do que a faz aparecer, a acne costuma ser indesejada em qualquer idade, gênero ou ocasião. Caracterizada como um processo inflamatório de glândulas sebáceas e dos folículos pilossebáceos, as populares “espinhas” tem causa multifatorial, mas aspectos psicológicos e comportamentais chamam atenção sobre como mente e pele se relacionam.

Entre os fatores desencadeantes está o estresse, bioquimicamente causado por um nível elevado de cortisol, que por consequência desencadeia processos inflamatórios na pele, assim como aumento de oleosidade, conforme explica o médico dermatologista Dr. Rafael Soares.

Não é supressa, portanto, que o cenário pandêmico que o mundo atravessa contribui para a piora das peles acneicas, visto que casos de depressão, ansiedade e estresse tem crescido exponencialmente neste período. Em um levantamento da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 80% dos entrevistados alegou estar mais estressado/sobrecarregado.

“A pandemia e o isolamento social também desencadeiam distúrbios do sono, que pioram os quadros de acne, assim como o uso de máscaras, que tende a entupir as saídas das glândulas sebáceas e causar lesões de acne”, comenta o dermatologista.

Outros fatores causadores de acne

Além de comportamental, a acne tem ligação com a genética, tendo como um dos principais componentes a hereditariedade. “Isso é importante que o dermatologista avalie em uma consulta de acne, porque paciente com pai ou mãe que teve quadro grave tende a precisar de um tratamento mais agressivo, visto que tem predisposição a desenvolver acne severa ao longo da vida”, comenta o médico.

Desregulação hormonal é outro agente causador a ser analisado. Dr. Rafael Soares elucida que níveis elevados de hormônios masculinos, por exemplo, tendem a aumentar o aparecimento das “espinhas”. Em determinadas idades, como a adolescência, o aparecimento da acne é um marcador de mudanças hormonais.

Por outro ângulo, ao contrário de alguns achismos populares, o aparecimento de acne não tem ligação com bactérias. “A Propionibacterium acnes é comumente encontrada na pele, mas só se desenvolve para acne quando encontra o cenário ideal, ou seja, quando as microlesões e o entupimento dos populares poros ocorrem”, elucida Dr. Rafael Soares.

O médico ressalta ainda, que há como prevenir o problema. Tratamentos precoces podem evitar as sequelas de modalidades graves de acne, como machas e deformidades. “Vale lembrar que a acne é uma doença que estigmatiza, podendo abalar a autoconfiança e trazer até mesmo consequências psicológicas como desenvolvimento de depressão”, diz o médico, que aponta que pessoas com acne compõem um grupo de risco para vítimas de suicídio.

Mudar alimentação, inserir atividades físicas e outras atividades que diminuem a carga inflamatória do organismo são outras recomendações de prevenção. “Além do acompanhamento em consultório e possíveis medicações, mudanças no estilo de vida e equilíbrio metabólico são fundamentais”, garante o dermatologista.