Foto: Damasceno |
Doutora em Educação(UFRN), com estágio na Universidade do Porto em Portugal e pesquisa na Escola da Ponte, no mesmo país, Cláudia Santa Rosa, teve ingresso no magistério da Rede estadual do RN, em 1990. Ela é Pós Graduada em Psicopedagogia e tem o título de Mestre ambos pela UFRN.
Completando mais de 3 meses à frente da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura do RN – SEEC/RN, Cláudia Santa Rosa, concede entrevista exclusiva ao Diário Potiguar, onde fala dos desafios, de inovação e do trabalho que está sendo realizado para diminuir a evasão escolar.
Veja na íntegra:
Diário Potiguar: Secretária, nesses mais de 3 meses à frente da SEEC/RN qual foi o principal desafio enfrentado?
Cláudia Santa Rosa - CSR: Na educação os desafios são múltiplos. Não dá para a gente destacar apenas um desafio. Hoje nós temos que garantir todas as escolas, todas as disciplinas, com professores, organizar, reestruturar as equipes, a partir das equipes das escolas, também as equipes dos diversos setores, do órgão central, das Direcs, tem sido um desafio permanente dessa gestão otimizar os recursos humanos, reordenar os servidores, que a Educação é uma pasta com mais de 20 mil servidores na ativa mas ainda com muitos problemas de carência de servidores em escolas e até nos setores da própria secretaria, então esse é um grande desafio, o outro é conviver com a burocracia, que é muito grande para podermos implementar uma série de ações, a gente precisa conviver com a burocracia daí a necessidade de planejarmos, anteciparmos, bem mais as coisas porque quando os problemas se instalam, acontece e as vezes a gente não tem ou quase sempre não tem como resolver de imediato sem enfrentarmos a burocracia. E essa é por vezes, se não tivermos cuidado, que paralisa o gestor. É um desafio imenso também. A questão da parte da infraestrutura, as escolas com construções, parte delas, bastante antigas, com poucas ações de reformas mais aprofundadas, manutenção mais cuidados, algumas com pequenos reparos que em algum momento também chega próximo ao caos, gerando interdições de prédios, então esse é também um grande desafio, cuidar da parte da infraestrutura dos prédios escolares. Então na verdade é um conjunto, não há só um desafio.
DP: Em uma outra ocasião a Senhora chegou a mencionar que no RN há “falta de professor e professor que falta”. O Que a SEEC tem feito para resolver essa problemática com os servidores?
CSR: Essa é uma fala minha desde muitos anos, eu venho reiterando, eu convivo o dia a dia das escolas, eu vivo, minha origem é escola, é o chão da escola Há 26 anos e a SEEC é minha saída para ocupar um outro cargo e eu acompanho exatamente essa realidade. Há entre os problemas da Educação que a escola convive em relação a professor ao magistério as duas situações, a falta de professores que o governo do estado vem tentando equacionar esse problema com sucessivos concursos nos últimos tempos com convocações. Então a questão da falta do professor que também estamos ainda distante de uma solução definitiva, porque há inclusive componentes curriculares que sequer a gente tem, na verdade, o profissional para resolver todos os problemas. Mas há de fato também o professor que falta. O professor que falta na verdade aí é uma metáfora para falar do servidor que falta, da situação de pouco zelo que existe na gestão pública, em relação à gestão das suas políticas de pessoal e recursos humanos e que acarreta na sala de aula, na escola é um reflexo muito pouco positivo, para não dizer negativo, quando o professor. E é uma realidade também, o professor por diversas razões se ausenta do seu ambiente de trabalho e as repercussões são devastadoras porque acaba deixando turmas de alunos sem aula então a gente convive com as duas realidades e estamos debruçados nesse momento construindo várias normativas, várias orientações para tratarmos dessa questão de pessoal e recursos humanos com muito zelo, com muita responsabilidade para podermos atingir as metas que precisamos atingir, em relação á qualidade social da escola pública.
DP: Tratando-se de inovação, o que está sendo feito para incentivar a permanência dos alunos na sala de aula e consequentemente a evasão escolar?
CSR: Bom, a Secretaria de Educação quando eu encontrei, assumi, algumas ações previstas para acontecerem na linha de construção de Diretrizes curriculares tanto para o Ensino Fundamental quanto para o Ensino Médio, essas diretrizes justamente na linha de se construir nas escolas percursos pedagógicos mais motivadores, mais interessantes para o corpo discente. Nós sabemos que ainda há uma distancia em que o currículo vivo, o currículo que motive o jovem e a realidade que a gente tem nas escolas. De modo geral as escolas são um pouco e há algumas iniciativas, é uma meta na verdade, uma ação prevista até no plano de ações da Secretaria a construção dessas diretrizes que nós entendemos que será um salto bastante positivo sem falar que há diversos projetos de inovação pedagógica para as escolas, para determinadas turmas. Agora recentemente nós entregamos, assinamos convênios com mais de 150 escolas, justamente pra repasse de recursos para elas implementarem projetos que inscreveram na linha de inovação pedagógica. Desde o uso das tecnologias, até o trabalho com a leitura, a pesquisa, a questão das Feira de Ciências que tem sido bastante incentivadas aqui na Secretaria, mas sobretudo a gente também aposta no trabalho da Coordenação Pedagógica de cada escola de orientar um projeto pedagógico para a escola que seja um projeto significativo para os alunos. A secretaria ela tem que funcionar como meio, ela é a grande gestora da política educacional do estado, agora é preciso a gente acreditar mais, investir mais nas pessoas que estão nas escolas, porque são elas as grandes protagonistas de qualquer projeto pedagógico. Pois a Secretaria pode desejar muito, mas se quem estiver na escola não desejar, pouca coisa vai acontecer.
Vivemos o tempo da transparência. Então entendo que é preciso abrir mais, deixar cada vez mais as coisas transparentes e abrir canais para diminuir a burocracia. Se há transparência e há retidão, honestidade e ética no uso daquilo que é publico, não precisa de tanta burocracia assim.
Entrevista realizada no dia 01 de agosto de 2016