Unicamp é ouvida na CPI sobre uso de animais no ensino da Medicina

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Imagem: Alesp
Na Unicamp os alunos de Medicina ainda treinam em porcos e coelhos procedimentos de drenagem de tórax, suturas de alças intestinais, abordagem de órgãos retroperitoniais para contenção de sangramentos e janela cardíaca para controle de ferimentos graves. Na Faculdade de Medicina do ABC os mesmos procedimentos já são realizados há dez anos em cadáveres de animais eticamente adquiridos sem perda da qualidade do ensino, uma vez que a faculdade já atingiu nota máxima no Enade. E nos EUA e Canadá mais nenhuma escola médica utiliza cobaias no ensino, apenas modernos simuladores em forma de bonecos realísticos (alguns específicos para área de emergência) e simuladores em 3D.

Os deputados da CPI de Maus-Tratos Contra Animais da Assembleia Legislativa de SP (pioneira no Estado) ouviram no dia 13 de dezembro o professor Wagner Fávaro, do Instituto de Biologia da Unicamp, convocado para falar sobre o uso de animais naquela instituição que, junto com a USP e a Unesp, entregaram ofício ao governador alegando que não existem métodos substitutivos para todos os procedimentos usados no ensino. Os ofícios foram entregues por ocasião do Projeto de Lei 706/2012, do deputado estadual Feliciano Filho (PSC), que restringe o uso de animais no ensino (não na pesquisa).

Feliciano Filho considerou a reunião da CPI bastante produtiva: "O professor respondeu todos os nossos questionamentos e explicou que a Unicamp ainda mantém quatro procedimentos feitos com animais no ensino da Medicina. No entanto, disse que visitará a Faculdade do ABC para conhecer o método com cadáveres para, quem sabe, implantar na Unicamp".

"A professora Júlia Matera, da USP, inclusive, aprimorou essa técnica e os cadáveres podem sangrar e duram até seis meses. Outra vantagem é que os alunos podem treinar também fora da aula e não sofrem dissensibilização ao assistirem tantos animais sendo arrastados para as aulas práticas. Os animais sabem que vão morrer", explica a professora Odete Miranda, uma das responsáveis pela aboliçaõ do uso de cobaias na Faculdade de Medicina do ABC.

O professor Fávaro comentou também que nenhum outro curso da Unicamp utiliza cobaias e que o biotério da faculdade cria ratos e camundongos destinados apenas para a pesquisa.

Feliciano ressaltou que os deputados da CPI ouvirão técnicos e formularão relatório a ser encaminhado ao Ministério Público: "Havendo método substitutivo, segundo o artigo 32 da Lei 9.605, o uso de animais no ensino é crime. Por isso, peço humildade as universidades estaduais para que aceitem que podem melhorar seu ensino sem o uso de cobaias e façam a transição para um aprendizado muito mais eficiente e sem sofrimento".

Além da Unicamp, a CPI de Maus-Tratos Contra Animais já ouviu também a USP. A convocação da Unesp, no dia 12, não foi proveitosa porque o professor escolhido para representar a instituição alegou não ter conhecimento técnico para falar de métodos substitutivos no ensino. Os deputados pretendem convocar a Unesp para uma próxima reunião ainda sem data marcada.

Assessoria