Especialista lamenta o fato do movimento antivacina estar trazendo de volta doenças já erradicadas
O número de mortes por gripe neste ano no Brasil quase triplicou em relação a 2017. Até 14 de julho, foram 839 vítimas, segundo o Ministério da Saúde. Desses, em São Paulo foram 320. Mas embora seja altamente contagiosa, a gripe pode ser prevenida com a vacina. Para esclarecer sobre essa epidemia de uma das doenças mais comuns, o Jornal da USP no Ar conversou com o professor Marcos Boulos, do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e coordenador de Controle de Doenças da Secretaria de Saúde de SP.
Dos subtipos do vírus da gripe, o H1N1 é o pior e pode agravar o quadro de indivíduos de quase todas faixas etárias. O professor esclarece que as epidemias são sempre esperadas em estações mais frias, no caso o outono e o inverno. No entanto, elas nunca são iguais por depender de diversos fatores, e geralmente surgem com mais força em intervalos de três anos.
Boulos alega que, pelo Estado ter recurso limitado, há grupos formados por gestantes, crianças menores de cinco anos, idosos maiores de 60 anos, pessoas que possuem outro tipo de doença concomitante e profissionais de saúde que possuem prioridade para serem vacinados. Mas isso não torna imune à doença indivíduos que não estão nestes grupos de risco. Porém ele reconhece que as vacinas não são 100% eficazes, e que mesmo se toda população passasse pelo procedimento, não seria possível erradicar a doença, apenas controlar. O médico acredita que o surto atual tende a diminuir por ter alcançado seu pico. E caso haja possibilidade, a pessoa deve se vacinar.
Ele ressalta a importância da vacina e lamenta o fato de que um movimento atual contra essa prevenção esteja trazendo de volta à população doenças que antes foram erradicadas. O médico completa, afirmando que um dos principais motivos pelos quais a vida média do brasileiro vem aumentando é justamente o desenvolvimento das vacinas no País.
JORNAL DA USP