Agenda 2030 requer harmonização entre saúde, política e economia

Paulo Marchiori defende em sua tese a importância de políticas de saúde e a influência negativa da economia sobre elas


O Jornal da USP conversou com Paulo Marchiori Buss, Professor Emérito e diretor do Centro de Relações Internacionais da Fiocruz, sobre sua tese de doutorado baseada na Agenda 2030, com foco na área de políticas públicas de saúde. O programa é um plano de ação criado pela ONU que busca o cumprimento de 17 objetivos, chamados de ODS, e traça 169 metas para alcançar o desenvolvimento sustentável e sua implementação na América Latina.

Para Paulo Marchiori, a saúde é a expressão de um fenômeno biológico, individual, mas também do social, econômico e ambiental, o que é demonstrado na própria Agenda 2030, cujo documento inicial da Rio+20, quando se inicia oficialmente o processo de definição da Agenda, diz que a saúde é necessária para o desenvolvimento, ao passo que se deve considerar as repercussões e consequências das políticas econômicas. “O estudo que eu fiz mostra que o ajuste estrutural e econômico, que corta e reduz orçamento para políticas sociais, colocando nas mãos do mercado a saúde e a educação, não funciona, ou melhor, funciona ampliando as desigualdades existentes”, diz Marchiori.

A Agenda 2030 reafirma a importância dos três pilares do desenvolvimento e a harmonia precisa entre ação econômica, políticas sociais e meio ambiente, pilares fundamentais para a saúde humana e animal. Marchiori comenta que “o mundo todo está interconectado e se têm certeza e evidências de que a atividade econômica desmedida é trazedora de consequências para a saúde. E assim, a doença, negativo da saúde, responde com o surgimento desses novos vírus”.

De acordo com Paulo Marchiori a questão da América Latina e Caribe é não ser a região mais pobre do mundo, e sim, a mais desigual. “Temos hoje 30% da população em situação de pobreza e 8% em pobreza extrema. Essa má condição oferecida pela região torna a economia ineficiente”, e diz ainda: “A América Latina e o Caribe são um desafio por isso. Os Estados nacionais precisam implementar políticas públicas promotoras da equidade e políticas universais que reconheçam as diferenças”.

Via Jornal da USP  | Editor Local de Saúde: Willen Benigno de Oliveira Moura