O projeto, do Campus Ceará-Mirim, auxilia instituições de saúde no combate à Covid-19
Em tempos de pandemia de Covid-19 e riscos ao sistema de saúde, o Campus Ceará-Mirim do IFRN desenvolve uma força tarefa entre professores e estudantes para a manutenção de equipamentos hospitalares do estado. A ação é possível graças ao Curso Técnico em Equipamentos Biomédicos, ofertado desde 2016 no Campus. A iniciativa foi organizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial através do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (Senai-CTGás), e se dirige especialmente a ventiladores pulmonares.
Os professores Leila Cavalcanti, Gilvan Borba, Camille Silva e Kamila Queiroz, que integram o corpo docente do curso ofertado pelo Campus, são os mediadores dessa força-tarefa e organizaram a participação de estudantes para contribuir com a manutenção dos equipamentos. Entre os itens que já passaram por reparo neste projeto estão os ventiladores pulmonares, monitores multiparamétricos, o equipamento que monitora todos os sinais vitais, oxímetros, desfibriladores, cardioversores, electrocardiógrafos e máquinas de anestesia.
Ao todo, são 10 estudantes voluntários para o trabalho, entre formados e os que ainda estão cursando, mas já encerraram suas práticas profissionais. Eles revezam a ida até o CTGás, o espaço físico onde estão centralizados o recebimento, a assepsia e as manutenções dos equipamentos, de modo a suprir as demandas, sem superlotar o laboratório.
O projeto
O projeto tem por objetivo auxiliar os hospitais do estado, neste momento crítico em que a sociedade vivencia uma pandemia. Passam por reparo de equipamentos biomédicos não somente os de terapia intensiva que são exigidos em casos graves, como também os de uso rotineiro nos hospitais. "Vale salientar que a força-tarefa vem recebendo qualquer equipamento médico-hospitalar que possa ser transportado até o CTGás, mesmo que não diretamente necessário no tratamento do novo coronavírus. Dessa forma, a ideia é diminuir os impactos negativos que a sobrecarga nos hospitais deve enfrentar de forma crescente ainda nas próximas semanas em consequência da Covid-19", explicou a professora Leila Cavalcanti.
Até o dia de hoje, 5 de maio, foram reparados aproximadamente 40 equipamentos. Dentre os hospitais que já foram atendidos estão a Liga Mossoroense de Estudos e Combate ao Câncer (LMECC); o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) nas cidades de Natal, Maxaranguape e Assu; a Liga contra o câncer - Natal; o Hospital Regional Doutor Mariano Coelho; o Hospital da Marinha do Brasil; a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) - Aluízio Alves; o Hospital Regional de Caicó; o Hospital Regional de Santa Cruz e as prefeituras do Natal e de Guamaré. "A lista mostra a necessidade de serviço técnico dessa natureza em todo o estado e também revela que ainda há escassez de profissionais, especialmente no interior, para desempenhar toda a demanda necessária, o que reforça a importância do curso, de técnico em equipamentos biomédicos", destaca Leila.
Colaboração
A professora do Curso Técnico em Equipamentos Biomédicos ressalta que todo o projeto está ocorrendo com a participação voluntária. De acordo com ela, um dos maiores desafios até agora é que ainda são necessários parceiros que possam financiar a compra de peças, quando necessárias. "O IFRN tem auxiliado os alunos e ex-alunos voluntários com o transporte e o Senai-CTGás com a alimentação. Outras empresas também têm cedido técnicos para auxiliar nas manutenções, mas com alta demanda estamos abertos a mais parcerias”, acrescentou. Ela lembra que o grupo precisa da doação de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como luvas e máscaras para os técnicos. “É uma necessidade constante, sobretudo no contexto de isolamento que estamos vivenciando” disse a professora.
João Paulo Costa, um dos estudantes do IFRN que se voluntariou para o projeto, relata que é extremamente angustiante se deparar, todas os dias, com as notícias dos crescentes casos de mortos e infectados pela Covid-19 no mundo todo. “O tempo todo estamos sendo atualizados sobre a luta e o sacrifício de diversos profissionais para resolver a pandemia e por mais que este momento seja desesperador, nunca me faltam forças para participar do projeto; gosto de pensar que cada equipamento que ajudo a consertar pode resultar na abertura de um novo leito, ou a reativação de um. Agradeço muito os envolvidos do IFRN e SENAI pela oportunidade de ser útil”, declarou o estudante.
Editor local de Saúde: Willen Benigno