E se houvesse um Exame de Ordem para Psicólogos?



Com certa frequência, a sociedade retoma as queixas e os questionamentos sobre a legalidade e constitucionalidade do Exame de Ordem da OAB, exame aplicado a todos que pretendem exercer a advocacia no Brasil, e em muitas dessas discussões, questiona-se também a possibilidade da criação de um exame semelhante em outras áreas do conhecimento, como por exemplo: Psicologia e Medicina.

Imaginemos que em decorrência da generalização do ensino psicológico mercantilizado e sem qualidade, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) resolvesse criar um Exame de Ordem, no qual apenas o candidato, graduando em Psicologia, que fosse aprovado estaria apto para desenvolver qualquer atividade do ramo psicológico.

Além disso, tal qual o exame da OAB, o exame do CFP seria um teste de conhecimentos psicológicos, a qual todos os graduados em Psicologia no Brasil deveriam se submeter ao concluir o seu curso, e a não prestação desse exame, invalidaria os anos que foram gastos na graduação, uma vez que, sem prestá-lo e sem passar no referido exame, não se poderia ser psicólogo.

Algumas horas após a decisão polêmica do CFP, o assunto seria um fenômeno no Twitter* ocupando os primeiros lugares no Trending Topics (assuntos do momento) com as mais diversas hashtags*: #NÃOaoExamedeOrdemCFP, #DebateCFP e #OdeioCFP.

A sequência de eventos hipotéticos continuaria a se alastrar após migrar do mundo virtual para a realidade, no qual os debates seguiram cada vez mais acirrados.

Segundo o presidente da Organização dos Acadêmicos e Bacharéis em Psicologia do Brasil, o Exame de Ordem do CFP fere os princípios de isonomia do CID-10* e o do DSM-IV*, bem como o livre exercício da profissão. No outra fronte de batalha, o CFP responde afirmando que o Exame de Ordem é uma garantia para a sociedade e por causa disso, a entidade defende a manutenção da prova de habilitação para os futuros psicólogos.

Porém, o debate não havia terminado, pois enquanto os Conselhos Regionais promoviam encontros que objetivavam um importante momento de orientação profissional com estudantes, manifestantes com o apoio da UNE* tomavam as ruas de Brasília promovendo passeatas, panfletagens e marchas contra a nova medida do CFP.

O impasse ganhava proporções cada vez maiores. Psicanalistas exigiam que juntamente com o Exame da Ordem também houvesse a obrigatoriedade de um processo de análise terapêutica para os acadêmicos de Psicologia e neste mesmo “pique”, humanistas existenciais e terapeutas cognitivos reivindicam para si a prioridade em conduzir os processos de análise.

Apesar da falta de consenso, um ultimato havia sido dado: o Senado deveria decidir sobre a continuidade da exigência de aprovação no exame da Ordem do CFP para se exercer a profissão de psicólogo ou se os formandos terão automaticamente, com o diploma, a garantia de exercer a profissão.

Qual seria o resultado de tudo isso?

Sempre que falamos em exames, vestibulares ou concursos, estamos pensando na possibilidade de selecionar pessoas através do mérito acadêmico, ou seja, através dos esforços unicamente individuais de cada candidato, portanto um sistema avaliativo democrático.

Apesar do “Exame” de Ordem do CFP ser imaginário ele nos faz pensar sobre a qualidade dos psicólogos que o Brasil forma, são eles bons ou ruins? A categoria necessita de um Exame de Ordem ou não?

Você concordaria com o Exame da Ordem para Psicólogos?

( ) Sim #ExamedeOrdemCFP

( ) Não #NÃOaoExamedeOrdemCFP

*CID-10 – Código internacional de doenças volume 10

*DSM-IV - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais

*UNE – União Nacional dos Estudantes

*Twitter- Rede social

*Hashtag- Uma hashtag é o símbolo - # - seguido por um nome que pode ser utilizado para transmitir a um grupo específico de pessoas. Por exemplo, há um grupo de #iranelection = Todas as mídias noticiando as eleições do Irã #forasarney = noticias e criticas a respeito de José Sarney