Líder norte-coreano cruza fronteira com a Coreia do Sul pela primeira vez em 65 anos.
A aproximação entre as duas Coreias
Líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, e presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, se mantêm bem-humorados em encontro históricoImagem: Korea Summit Press Pool via AP
Dois minutos antes do previsto, às 21h28 desta quinta-feira (26), já manhã de sexta-feira na Ásia, pela primeira vez desde 1953 um líder norte-coreano pisou no território da Coreia do Sul. Em um ato carregado de valor histórico, o ditador comunista Kim Jong-un cruzou a fronteira e se encontrou com o presidente sul-coreano Moon Jae-in, que o recebeu com sorrisos e um aperto de mão. Moon também cruzou a fronteira em direção ao Norte, antes de os dois prosseguirem juntos em direção ao lado sul da fronteira.
Transmitido ao vivo para TVs da Coreia do Sul - as aulas foram suspensas e um telão gigante instalado na capital, Seul -, o encontro dos dois líderes foi acompanhado por uma banda militar e por soldados portando insígnias de ambos os países.
No lado sul da fronteira, Kim foi até a Casa da Paz, construção instalada na chamada zona desmilitarizada, uma espécie de área de transição entre as duas nações. Apesar do nome, trata-se de uma região até agora caracterizada por forte presença militar.
No edifício, Kim assinou o livro de visitas e, na sequência, deverá iniciar a reunião com o presidente da Coreia do Sul.
Tecnicamente, os dois países estão em guerra - um armistício foi acordado em 1953 e, desde então, não houve um tratado de paz. Espera-se que esta reunião seja um primeiro passo no sentido de um acordo. Outros pontos da pauta do encontro são a desnuclearização da Coreia do Norte e o reencontro de famílias separadas pela guerra.
Segundo a programação da cúpula, que se estenderá por todo o dia, após a reunião as delegações dos dois países irão almoçar separadamente. Na sequência, Jong-Un e Jae-in vão plantar uma árvore na linha de demarcação e publicar um comunicado conjunto. A cerimônia se encerrará com um banquete.
Li Peng/Xinhua
"Seul, com o Sul, faz as pazes com o norte", diz cartaz visto na capital sul-coreana um dia antes do encontro dos dois presidentes
Desde o início de 2018, Kim Jong-Un tem dado uma série de passos no sentido da aproximação. Além do encontro com o líder norte-coreano, ele irá se reunir com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em algum momento nas próximas semanas. Também se comprometeu a suspender os testes nucleares e de mísseis que tanto temor causaram ao mundo até o ano passado.
A Casa Branca emitiu um comunicado após o início do encontro. ""Estamos esperançosos de que as negociações levem a um avanço em direção a um futuro de paz e prosperidade para toda a Península Coreana", diz o texto.
Por esses e outros motivos, a expectativa é grande em torno do encontro entre os dois líderes, que será seguido de uma cúpula cheia de simbolismos.
Por outro lado, especialistas são céticos quanto às reais intenções de Kim. Isso porque o programa nuclear do ditador já está bastante avançado e, falar em parar os testes não significa intenções de desarmar o país.
"O que a Coreia do Norte compreende por 'fim do programa nuclear' não é o mesmo que os EUA entendem. Congelar os programas, desativar uma usina e dar maior transparência não significa desarmamento", afirmou ao UOL Thiago Mattos, mestre em Relações Internacionais pela Uerj e pesquisador no Korean Development Institute, em Seul.. "E nada impede que esse programa volte à ativa no futuro."
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