Trabalho vai considerar efeitos das mudanças sociais contemporâneas entre os alunos no Brasil e no mundo
Projeto busca possíveis respostas ao sofrimento e adoecimento mentais dos estudantes de ensino superior, por meio de pesquisa institucional, revisão bibliográfica e de espaços de formação e debate, agregando pesquisadores e a sociedade ao diálogo e aos resultados – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, uma pesquisa de pós-doutorado em andamento discute o sofrimento mental entre estudantes de graduação e pós-graduação, considerando as mudanças sociais contemporâneas pelas quais passam o Brasil e o mundo. O estudo Mudanças Sociais, Individualização e o Sofrimento Psíquico entre Estudantes Universitários é de autoria de Thiago Marques Leão, doutor em Saúde Pública, sob supervisão da professora Aurea Maria Zöllner Ianni, do Departamento de Política, Gestão e Saúde da FSP.
Segundo o pesquisador, “as recentes e recorrentes notícias sobre adoecimento mental e suicídio entre estudantes universitários trouxe à tona um fenômeno que, de forma mais evidente ou difusa, vem preocupando a comunidade acadêmica e a sociedade em geral há tempos”. O sofrimento e adoecimento mental na universidade, para Leão, “evidenciam as pressões, contradições e impasses da vida universitária, em uma sociedade individualizada, da produção e do desempenho”.
“Vivemos em uma sociedade em constante transformação, na qual há uma crescente subjetivação e individualização dos riscos, e as contradições socialmente produzidas convertem-se em crises individuais, à medida que se fragilizam as instituições e redes de proteção social na contemporaneidade”, completa Leão. Para o pesquisador, “é muito preocupante e não surpreende, assim, a emergência e generalização dos diagnósticos psiquiátricos de depressão e Burnout, adicção e consumo desenfreado de psicotrópicos, notícias sobre suicídios ou ideações suicidas, e assim por diante”.
“Em nosso projeto queremos contribuir para possíveis respostas ao sofrimento e adoecimento mentais de estudantes na universidade, no contexto das mudanças estruturais da sociedade contemporânea. Através da pesquisa institucional e da revisão bibliográfica, de espaços de formação e debate com a sociedade, vai ser buscada uma melhor compreensão do fenômeno e o mapeamento de respostas institucionais já implementadas em diferentes instituições”, afirma ainda Thiago Leão.
A ideia, neste momento da pesquisa, é promover o debate sobre o tema e agregar pessoas (pesquisadores e sociedade civil em geral) interessadas no diálogo e nos futuros resultados. Em vista disso, pessoas que tenham interesse em saber mais ou discutir o tema podem procurar o pesquisador, que espera assim contribuir para o engajamento social e difusão de conhecimento sobre o fenômeno.
JORNAL DA USP