Óleo: Fiscais alertam para riscos à saúde em consumo de pescados não inspecionados

Servidores trabalham para garantir segurança dos alimentos, mas pescadores vendem produto irregular nas praias



Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Affas) estão atuando fortemente para garantir a segurança dos pescados consumidos nos estados atingidos pelo derramamento de óleo, como Pernambuco, mas alertam sobre a venda e consumo de produtos fora dos estabelecimentos fiscalizados pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF). Para driblar a fiscalização, pescadores locais estão vendendo seus produtos diretamente nas praias, mas esses alimentos podem causar prejuízos à saúde da população, principalmente da parcela mais carente.

"Eu conversei com colegas da fiscalização aqui em Pernambuco e eles ainda não começaram a receber produtos vindos dos locais mais distantes justamente porque os pescadores estão tentando vendê-los na beira-mar das cidades", conta o Auditor Fiscal Federal Agropecuário Luiz Gonzaga Matos Oliveira Filho. "Apesar de haver uma rejeição a esses produtos aqui em Recife, a população mais carente acaba comprando", continua.

Segundo o auditor, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) montou um grupo de trabalho para definir quais são os parâmetros seguros para o consumo de pescados vindos das regiões atingidas pelo óleo e quais são os efeitos da contaminação no corpo humano. Ainda não existem registros de intoxicação pelo consumo de alimentos, mas alguns voluntários que trabalharam na limpeza das praias apresentaram coceira, dores no corpo, falta de ar e náusea após manusearem o óleo diretamente.

"Com certeza existe um risco para a saúde", conta Luiz Gonzaga. "A população pode ficar tranquila sobre os alimentos que possuem o selo do SIF, que passaram pela fiscalização, mas aqueles vendidos irregularmente nas praias podem causar problemas. Isso é mais preocupante ainda porque tais alimentos são comprados pela população carente, que vê a oportunidade de comprar camarão e peixes nobres a preços baixos", continua.

A atuação dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários está sendo essencial para proteger o consumidor e definir os parâmetros de segurança para os pescados. Além disso, o Mapa agiu prontamente para garantir a inspeção desses produtos. Porém, a falta de inspeção permanente nas indústrias de pescados deve ser revista pelo Ministério. Atualmente, apenas os frigoríficos contam com Affas permanentes que fiscalizam constantemente a cadeia produtiva.

"Os colegas Affas da região estão bastante preocupados", conta Luiz Gonzaga. "Não tenho a menor dúvida que o Mapa agiu com prontidão e responsabilidade frente a essa catástrofe natural, mas acho que o ministério deve rever a saída dos auditores permanentes nas indústrias de pescados", finaliza.

Sobre os Auditores Fiscais Federais Agropecuários

O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) é a entidade representativa dos integrantes da carreira de Auditor Fiscal Federal Agropecuário. Os profissionais são engenheiros agrônomos, farmacêuticos, químicos, médicos veterinários e zootecnistas que exercem suas funções para garantir qualidade de vida, saúde e segurança alimentar para as famílias brasileiras. Atualmente existem 2,7 mil fiscais na ativa, que atuam nas áreas de auditoria e fiscalização, desde a fabricação de insumos, como vacinas, rações, sementes, fertilizantes, agrotóxicos etc., até o produto final, como sucos, refrigerantes, bebidas alcoólicas, produtos vegetais (arroz, feijão, óleos, azeites etc.), laticínios, ovos, méis e carnes. Os profissionais também estão nos campos, nas agroindústrias, nas instituições de pesquisa, nos laboratórios nacionais agropecuários, nos supermercados, nos portos, aeroportos e postos de fronteira, no acompanhamento dos programas agropecuários e nas negociações e relações internacionais do agronegócio. Do campo à mesa, dos pastos aos portos, do agronegócio para o Brasil e para o mundo.