“O esqueleto, composto pelos ossos e cartilagens, é um dos principais alvos do hormônio tireoideano, onde este tem ações muito importantes e expressivas. Na deficiência de hormônio tireoideano, pode ocorrer a diminuição do crescimento dos ossos, levando à baixa estatura e, em condições mais graves, ao nanismo. Além disso, há atraso na maturação do esqueleto, o que pode ser avaliado determinando-se a idade óssea de um paciente, através de um raio X do punho e mão. Por outro lado, em condições de excesso de hormônio tireoideano, a maturação do esqueleto pode estar acelerada, levando à ossificação prematura das cartilagens de crescimento (situadas nas extremidades dos ossos longos), o que configura avanço da idade óssea e também resulta em redução do crescimento ósseo. Assim, tanto a deficiência quanto o excesso de hormônio tireoideano durante a infância podem resultar em baixa estatura”, explica a Dra. Cecília Helena de Azevedo Gouveia Ferreira, palestrante do 19º Encontro Brasileiro de Tireoide (EBT), que acontece pela primeira vez online de 30 a 31 de outubro.
Isso ocorre porque as células ósseas e os condrócitos (células da cartilagem) possuem receptores de hormônio tireoideano. Estes são proteínas que se ligam especificamente ao hormônio tireoideano. Essa ligação (hormônio-receptor) faz com que as células esqueléticas desenvolvam respostas específicas ao hormônio tireoideano. O osso e tiróide também se relacionam de forma indireta, ou seja, independentemente da combinação hormônio-receptor nas células ósseas. Nesse tipo de relação, a atuação do hormônio tiroideano em algum outro órgão ou tecido pode afetar o osso. “Um exemplo é a ação do hormônio tireoideano na glândula hipófise, estimulando a síntese e liberação de hormônio do crescimento (GH). O GH, por sua vez, tem ações importantes nos ossos, sendo uma delas a promoção do crescimento longitudinal ósseo. Assim, na deficiência de hormônio tireoideano, há também a deficiência de GH, o que contribui para a redução do crescimento ósseo”. explica a Dra. Cecília.
“Durante a infância, há urgência quanto ao diagnóstico e tratamento das disfunções tireoideanas, para que não haja prejuízos no crescimento longitudinal ósseo e da estatura final, além do comprometimento de outros órgãos e sistemas, como o sistema nervoso central”, conclui Dra. Cecília.