China e Vaticano Estendem Acordo sobre Nomeação de Bispos em Progresso Inédito

 


A China e o Vaticano anunciaram nesta terça-feira (22) a renovação do acordo histórico sobre a nomeação de bispos católicos no país, estendendo sua validade por mais quatro anos. Esse passo representa uma nova fase na aproximação entre Pequim e a Santa Sé.

O pacto original, firmado em 2018, concede a ambas as partes o direito de revisão na delicada questão da nomeação de bispos na China. Após duas renovações de dois anos, em 2020 e 2022, esta é a primeira vez que o acordo é prorrogado por quatro anos.

"Esses quatro anos demonstram que há confiança mútua. Não se trata apenas de uma extensão, mas de um acordo de nova geração. Isso indica que o pacto está funcionando bem, a confiança está crescendo e estamos progredindo", afirmou Michel Chambon, teólogo e antropólogo da Universidade Nacional de Singapura.

Com cerca de 12 milhões de católicos, a China enfrenta um dilema desde a década de 1950: os fiéis precisam escolher entre participar de celebrações religiosas autorizadas e supervisionadas pelo Partido Comunista ou integrar igrejas clandestinas apoiadas pelo Vaticano.

O conteúdo do acordo, mantido em sigilo, busca unificar os católicos chineses e garantir que o papa tenha a palavra final sobre a nomeação dos bispos. Na terça-feira, Pequim confirmou a renovação do pacto após "consultas amistosas", destacando o avanço nas relações com o Vaticano.

"Tanto a China quanto o Vaticano avaliaram positivamente os resultados da implementação do acordo", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian. O Vaticano, por sua vez, expressou sua determinação em continuar o "diálogo respeitoso e construtivo" com Pequim, em prol da Igreja Católica e do povo chinês.

Embora China e Vaticano não mantenham relações diplomáticas formais, a Santa Sé é um dos poucos Estados que reconhecem Taiwan, o que adiciona uma camada de complexidade às relações.

Apesar da manutenção do acordo desde sua assinatura, há críticas dentro da Igreja. Alguns católicos acreditam que o pacto confere controle excessivo a Pequim sobre a comunidade religiosa. Em novembro de 2022, o Vaticano lamentou a nomeação de um bispo em uma diocese não reconhecida pela Santa Sé.

A Constituição chinesa garante a "liberdade de crença religiosa", mas não a "liberdade religiosa" plena, e o Partido Comunista mantém um controle rigoroso sobre todas as organizações que possam representar uma ameaça à sua autoridade, incluindo entidades religiosas.

Ainda assim, segundo Chambon, "o regime de Pequim está mais seguro de que os católicos não representam uma ameaça" e compreende que a Igreja Católica pode ser uma plataforma global para amplificar sua voz. No entanto, a repressão às igrejas clandestinas na China continua, apesar da reaproximação com o Vaticano.

Em setembro, o Papa Francisco elogiou a "capacidade de diálogo" da China, chamando o país de "grande" e uma "promessa para a Igreja".

FONTE: IG