Os desafios do mercado calçadista no Brasil, por Diogo Oliveira


Um passo por Vez: Os desafios do mercado calçadista no Brasil (Por Diogo Oliveira)

Dados divulgados, recentemente, pela Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Abicalçados), diante de informações levantadas pela Kantar Worldpanel, mostram que o mercado calçadista brasileiro sofreu muito com a crise econômica nos últimos anos. De janeiro a outubro de 2016, a retração do setor foi de 16,5% em volume de vendas e de 15,4% na receita (comparado com o mesmo período do ano anterior), por exemplo. 

A crise vem desde o segundo semestre de 2014, período no qual as famílias se viram endividadas, com créditos e limites de bancos comprometidos, presas a um cenário de queda da massa salarial. Em paralelo, a maior conscientização no consumo e a definição de prioridades nas compras, aumentaram no período. E, como o mercado interno é responsável pela absorção de 87% do total produzido pelo setor calçadista, o reflexo foi negativo na atividade no Brasil. 

Esse foi, definitivamente, o maior problema enfrentado nos últimos tempos; aliado à concorrência de produtos de baixa qualidade – os importados-; o ‘custo Brasil’ –impostos, alugueis, pessoal-, que encarece a operação, junto com os problemas logísticos enfrentados na entrega e distribuição dos produtos que são, em sua maioria, feitos via rodovias. Além, também, da consciente fragilidade da competitividade da economia nacional no mercado externo. 

Assim, o varejo calçadista, em 2015 e 2016, sentiu a inversão de valores e preferências no dia a dia: itens de menor valor agregado foi a prioridades na rotina de compras do brasileiro, e o empresariado teve que mostrar seu amadurecimento como um todo, na busca pela melhoria e profissionalização de seus processos para manter o ritmo e a produtividade. Foi preciso um grande esforço por parte dos industriais e varejistas para que o resultado final não fosse ainda mais negativo, frente aos outros mercados e ao PIB nacional.

São dados concretos e reais, mas, contornáveis a longo prazo. E, com isto em mente, o empresário deve se preparar para esse perfil de consumo. A cautela e o otimismo são palavras de ordem. O primeiro semestre de 2017 ainda tende a ser de experimentação e adequação do mercado e do consumidor frente aos ajustes políticos e econômicos que o Brasil está passando. Em resposta, devemos considerar a atual instabilidade do País e dos cenários internacionais, e investir na diversificação do mix, colocando nas prateleiras o que o consumidor está procurando: chaveiros, bolsas, carteiras e outros itens que casem com a linha principal. 

Em linhas gerais, é preciso manter, ainda, as metas conservadoras, em patamares realistas e alcançáveis, monitorar o mercado, a concorrência e o entorno para ajustar, rapidamente, o negócio, sem deixar de lado o treinamento da equipe, valorizando o colaborar e possibilitando que a roda gire, mesmo em compassos menores, devagar e sempre. 





Diogo Oliveira –
Formado em publicidade pela Universidade Potiguar, possui MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV/SP), atuou em agência de publicidade, passando, posteriormente, para a área varejista como gerente na Guararapes Confecções por quatro anos, da qual saiu para fundar a Lojas Viggo.