A Justiça Federal do Rio Grande do Norte condenou a ex-governadora Rosalba Ciarlini e a empreiteira Coesa S/A (antiga OAS) pelo pagamento de propinas durante a construção da Arena das Dunas para a Copa do Mundo de 2014, em Natal. Além dela, foram condenados por improbidade administrativa seu marido, Carlos Augusto Rosado, o ex-secretário especial para a Copa, Demétrio Torres, e o sindicalista Luciano Ribeiro da Silva. Segundo a sentença, eles receberam e intermediaram propinas pagas pela empreiteira em troca de favorecimento na construção do estádio.
A juíza da 1ª Vara Federal do RN, Gisele Maria da Silva Araújo, concluiu que o Ministério Público Federal provou que os réus solicitaram e receberam vantagens indevidas da OAS. Segundo a denúncia, os valores ultrapassaram R$ 16 milhões, cerca de 4% do financiamento do estádio pelo BNDES, pagos em troca de “favores políticos” e manipulações no processo licitatório que garantiram a vitória da empresa. O esquema utilizava recursos destinados à obra e envolvia contratos fictícios com empresas de fachada, geração de caixa dois e repasses em espécie.
A denúncia detalhou o esquema: a licitação foi direcionada, com o edital alterado para favorecer a OAS, única participante e vencedora. Testemunhas relataram pagamentos mensais ao ex-secretário Demétrio Torres e ao sindicalista Luciano Ribeiro para garantir a execução da obra sem paralisações e obter benefícios em futuros contratos. O doleiro Alberto Youssef afirmou ter enviado cerca de R$ 3 milhões em espécie para Natal, entregues em um apartamento alugado pela OAS, com confirmações de outros delatores.